quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Doeu...


 Hoje na escola, meu AMIGO, me "esfaqueou" no braço com uma caneta (não no sentido metafórico, no sentido real mesmo - ele tirou a caneta da minha mão, fincou ela no meu braço e puxou pra baixo com força, quase rasgando mesmo).
 Motivo: Eu sou desorientadamente feliz e "incomodador". Eu gosto de estar com as pessoas, mesmo que seja "cutucando" elas, até ficarem muito irritadas comigo.
 Foi o que eu fiz com ele.
 Pra se ter noção, ele é bem paciente. Então pra me esfaquear, ele devia estar mesmo de "saco cheio" de mim já.

 A "canetada" doeu na hora. Mas não tanto se comparado ao que eu ouvi depois.
 Ele olhou pra mim e disse: "Não vou mais falar com você!".
 Achei que era mentira dele.
 E eu estava errado.
 Ele não disse um "A" pra mim depois disso. Eu também não corri atrás. Não falei nada. Queria ver se ele tinha falado sério mesmo ou não.
É, ele falou sério... (Bem, na verdade não sei porque eu esperava uma brincadeira de alguém que tinha me esfaqueado).

O fato é que, a "canetada" e a cicatriz que ficaram no meu braço, doeram bem menos do que a facada e o gelo que eu levei do meu amigo. Essas não fazem só um corte. Essas destroem a aparência, por dentro e por fora.
 O sorriso se apaga. O rosto fica mais triste.

São essas as cicatrizes momentâneas que uma "canetada" podem causar nos amigos.
Quanto tempo elas levarão pra cicatrizar?
Um dia ou uma semana, talvez.
Só Deus sabe.

sábado, 6 de novembro de 2010

O Menestrel – William Shakespeare

 Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.
 Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
 Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
 Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
 E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
 Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…
 E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
 E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
 E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
 Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…
 Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
 Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa… por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
 Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
 Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
 Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
 Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
 Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…
 Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
 Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
 Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…
 Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
 Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
 Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
 Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
 E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! 
 Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A Carteira - Aleef Moraes

Esse texto foi uma proposta da aula de Português, onde os alunos deveriam se basear na história "A Carteira" de Machado de Assis, para criar um novo conto.
Peço para que se você não leu ainda "A Carteira - Machado de Assis", leia antes de ler o meu conto, porque se não, não fará muito sentido à história.
Obs.: Eu postei o conto na postagem anterior a essa.


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 D. Amélia estava em casa lavando roupa quando ouve batidas fortes na porta. Resolveu verificar e ao fazer isso um homem alto, de olhos claros e expressão preocupada, entra na sala. Era Gustavo.
 D. Amélia, curiosa pergunta o que aconteceu e Gustavo lhe diz que perdeu sua carteira, com dinheiro, cartões e alguns bilhetes confidenciais para ela. D. Amélia tentou confortá-lo dizendo que alguém encontraria e devolveria, mas isso ao invés de acalmá-lo, fez com que ele assumisse uma feição de quem tenta controlar o desespero, mas deixa isso transparecer nos olhos.
 Ao perguntar-lhe o que havia acontecido, Gustavo conta a ela que refazer o caminho procurando pela carteira, ele encontra com um rapaz que conta ter visto um homem pegar a carteira e ir em direção ao café. Ao chegar lá, ele se deparara com seu amigo Honório, segurando a carteira.
 Depois de horas tentando inventar uma boa desculpa para os bilhetes de amor, de seu amigo para sua esposa, sem muito resultado, os dois ouvem batidas na porta. O coração deles assumiu uma velocidade incrível.
 Gustavo tomou coragem e abriu a porta. A surpresa tomou conta de seus rostos, ao verem parado à porta, não Honório, mas o policial que estava de ronda naquela noite.
 O policial pergunta por D. Amélia. Ela se levanta e se apresenta. O policial fitou-a como quem quisesse contar algo, mas lhe faltasse coragem. O silêncio ficou no ar por mais de dois minutos. Dois longos minutos. Até que o policial resolve despejar tudo de uma vez, como se isso fosse diminuir o impacto.
 - D. Amélia, o corpo de seu marido foi encontrado na margem do Rio Doce, muito próximo à ponte. Acreditamos que ele tenha se jogado.
 D. Amélia fica pálida e, quase chorando, pergunta:
 - Como sabem que é ele?
 O policial tirou uma carteira do bolso e disse:
 - Encontramos aqui, alguns bilhetes que diziam o quanto ele amava a senhora, D. Amélia.